domingo, 20 de novembro de 2011

Até os bebês estão obesos: como fomos parar aqui?


Uma criança de 4 anos chegou mancando no hospital. Ele estava carregando tanto peso que deslocou seus quadris. O menino, um exemplo extremo de obesidade infantil, tem mais de 45 quilos e um índice de massa corporal (IMC) 99% acima de sua faixa etária.
Na semana passada, o Instituto de Medicina americano divulgou seu primeiro relatório enfocando políticas de prevenção da obesidade para crianças menores de 5 anos de idade.
Nos EUA, quase 10% dos bebês e crianças pequenas carregam excesso de peso para seu comprimento. 1 em cada 5 crianças de 2 a 5 anos está acima do peso ou obesa – antes mesmo de entrar no jardim de infância.
Crianças obesas mostram anormalidades metabólicas na insulina, nas enzimas do fígado e no colesterol, problemas geralmente detectados em adultos mais velhos.
Médicos contam que já viram sinais de artrite e diabetes em crianças de 8 anos. Os pacientes têm elevada resistência à insulina e consequente descoloração da pele em torno dos pescoços e braços. Elas não estão doentes ainda, mas caminham nessa direção.
Segundo especialistas, má alimentação, tamanho grande de porções, falta de atividade física, sono inadequado e pais desinformados estão contribuindo para um maior número de crianças com sobrepeso e jovens obesos.
As famílias e adultos que cuidam das crianças podem, sem querer, fazer escolhas alimentares ruins. A boa notícia é que essa é uma idade ideal para fazer mudanças de estilo de vida. Os pais têm mais controle sobre o que criança come, em comparação com os adolescentes.
Um dos problemas observados pelos especialistas é de que as crianças jovens estão constantemente bebendo calorias vazias, como bebidas energéticas, suco de frutas e outras bebidas açucaradas.
Os bebês ficam só na mamadeira muito tempo, e quando passam para outras bebidas, ficam tomando golinhos constantemente, durante todo o dia.
O problema é que há uma desconexão na mente das pessoas: as mães não sabem direito as consequências disso. Por exemplo, elas estão acostumadas a pensar que suco é bom, mas não percebem todo o açúcar que vem neles.
Porém, nem todos os problemas têm a ver apenas com estilo de vida. Há o caso de uma menina, Tylynn, que com oito semanas ganhou 2,72 quilos em duas semanas. Os médicos ficaram intrigados. A criança começou a ganhar peso drasticamente em 18 meses.
A mãe tomou várias medidas, e nada funcionou. A família transformou a dieta em apenas frutas, legumes e carnes magras. Tylynn e sua irmã mais nova dançam e fazem aulas de natação e caminhadas. Enquanto sua irmã mais nova é magra, a menina continua obesa.
Foi quando descobriram, na idade de 4, que Tylynn tinha hipometabolismo, o que faz com que seu corpo queime energia lentamente e, portanto, ganhe peso rapidamente. A mãe se sente muito mal, contando que não consegue mais suportar aquele olhar de “quanta comida você está dando para sua filha?”.
E para os pequenos obesos também é ruim. Além do desgaste físico, a obesidade pode ter um efeito emocional de longa duração nas crianças, como depressão.
Entretanto, como a maioria dos casos é devido a estilo de vida, a situação geralmente tem concerto. Confira recomendações de pediatras para criar um bebê saudável:
Antes do nascimento: o bebê tem mais chances de ser obeso se seus pais forem obesos. Durante a gravidez, a saúde da mãe, como seu aumento de peso e diabetes gestacional, são fatores de risco para a obesidade do bebê. Comer por dois durante a gravidez é errado. Comer por dois não significa comer em dobro.
Bebês: estudos mostram que bebês alimentados com fórmulas (ao invés de amamentados), e que recebem alimentos sólidos antes dos quatro meses, têm maior risco de se tornarem obesos. Crianças alimentadas com fórmula podem consumir mais alimentos e calorias. O Instituto de Medicina americano recomenda amamentação durante a infância. A Academia Americana de Pediatria aconselha as mães a amamentarem exclusivamente durante os primeiros seis meses, podendo continuar a amamentação por um ano.
Crianças: o crescimento das crianças deve ser monitorado pelos profissionais de saúde porque os pais tendem a subestimar o peso de seus filhos. Existe uma crença popular de que um bebê gordinho é um bebê saudável, e que logo as crianças vão crescer e emagrecer. Essa visão é errada. Um estudo mostrou que apenas metade dos pais de crianças obesas reconhece que seu filho está acima do peso.
Crianças pré-escolares devem ser encorajadas a se exercitarem durante o dia. Elas devem brincar ao ar livre, ter acesso a playgrounds ou gramados e um ambiente adequado em creches. Alimentação, atividade física e TV não devem ser usados como incentivo ou punição; especialistas dizem que há outros meios de promover comportamentos ou desestimulá-los.
Os adultos devem dar o exemplo de uma alimentação saudável e incentivar as crianças a comerem frutas, legumes, proteínas magras, cereais integrais e laticínios de baixa ou sem gordura. As crianças devem dormir bem (e poder dormir mais), porque as mais pesadas dormem menos que as crianças de peso normal. A TV afeta o sono dos pré-escolares: os especialistas também aconselham limitação do tempo na frente das telas, o que por sua vez também limita a exposição a anúncios de comidas não saudáveis.

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